AO CAIR DA NOITE...

Vem comigo ver a tarde despedir - se, amor meu...
Aconchega - me em teus braços, sintamos o calor
dos nossos corpos e, entre beijos, deixemo - nos
envolver pela magia desse momento, ao cair da noite...
É tudo tão lindo! Ouça o chilrear dos pássaros que
vão se recolhendo em seus ninhos, o sino da capelinha,
o murmurar do riacho, o sussurro da brisa morna...
Sente o perfume suave que paira no ar, exalando das
flores que durante o dia, sob o Sol quente, quase
inebriava, em sua exuberância... Preste atenção na
sensação de aconchego que o lusco - fusco empresta
ao coração, a semi - penumbra que acontece, quando
o Sol vai sumindo, lentamente, no horizonte, ao silêncio
leve que vai caindo, quando no céu ainda matizado
de cores, a Vésper desponta como uma princesa - batedora, antecedendo sua rainha - lua, preparando -
lhe um tapete escuro, mas totalmente bordado de pequenos e pisca - piscantes diamantes, onde ela,
argêntea e soberana, reinará por toda a noite...
Concentre sua atenção, aguce sua audição e perceberá
um levíssimo, mas misterioso e fascinante som que
parece penetrar por nossos sentidos, fazendo - nos
levitar e sonhar com as fantasias de uma dimensão mágica, onde todas as coisas boas são possíveis...
Seria o som que faz adormecer o mundo? Seria o som
de Querubins, com suas flautas, a saudar a noite?
Quem sabe o canto das fadas, tecendo os momentos oníricos que embalarão o sono...
Mas para quê, saber, quando sentir já é o bastante?
O anoitecer desperta emoções adormecidas, entreabre
as cortinas da inspiração, deixa vislumbrar as tênues
nuances de uma poesia, já esboçada no coração de
um poeta apaixonado que sonha seja a mais bela, para
ofertar à sua amada... Mesmo que ela nunca venha a
saber que lhe pertence...
Vem, meu amor... Façamos poesia nos amando,
rendendo homenagem a esse luar derramado, com um dilúvio de paixão...
Espalhemos beijos sobre nossos corpos, como a prata
que nos envolve, a brisa que espalha perfume pelo
espaço, as estrelas que se espalham pelo céu...
E dos nossos êxtases, uníssono ao som quase inaudível
que só os deuses sabem de onde vem... Mas que nos
embriaga de amor e sensações apaixonantes...