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O Caminho
 
 
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
                                          Drummond

 
Entre eles um caminho. E eles no caminho.
Um caminho velho, velhinho, que já vira de tudo, porque tudo já passara por ele.
Um caminho para o mar e para tudo que era lugar, mas dele não se poderia dizer “no meio do caminho tinha uma pedra", porque pedra não havia. Não no meio...
Nas margens do velho caminho pedras e pedrinhas que brilhavam, quando batia o sol, margens encobertas de mato rasteiro, de pequeninas flores, com árvores aqui e ali, sombreando, embelezando.
Dali em diante, mal sabia o velho caminho, não seria mais um caminho qualquer. Seria o caminho por onde passaria o sonho, por onde a alegria se desmancharia em ternura, em paixão, em amor.
Havia sol no caminho. Um sol que aquecia,  que dourava o dia, que iluminava a vida, os sonhos, as alegrias e, quem sabe, derretesse até as tristezas que por ali passariam.
Havia sorrisos no caminho. Sorrisos de alegria. Sorrisos de um homem e de uma mulher e suas histórias. Havia uma linha tênue de saudade que se esvaía no bem-querer imenso, expresso nos gestos de afeto, no cuidado, no carinho, na cumplicidade, na delicada companhia um do outro.
Havia  muita vida, no caminho, e o tempo tecia o fio do mais belo bordado da existência: o Amor e suas encantadas formas de sobreviver à tristeza, a desilusão, a dor, ao desencanto...
E o caminho viu o desejo do olhar e viu o beijo... Ah, o beijo! De encanto, de reencontro, de arrepio na pele, de poesia tatuada na alma, de ansiada espera...
Se o caminho soubesse suspirar, suspiraria...