[À Janela do Passado, um Olhar Perdido]
... E se acaso a mesmice de tua vida
te permitir erguer a cabeça,
e contemplar, num instante, a lua cheia
erguendo-se de trás daquele morro,
e lançando um facho de luz sobre o rio,
o que mais quero é que seja este instante
um instante de calma do teu olhar, e de solidão...
E então, lembra-te de que, neste vero instante,
o meu pensamento mais caro, ansioso,
está a rondar os teus pensamentos,
está sonhando impossibilidades...
Nada temas! Contenha este olhar ansioso,
fecha devagar a janela do Passado —
agora, eu sou apenas uma sombra ligeira
voando sobre as construções de teu mundo...
[Penas do Desterro, 26 de março de 2011]