Sonho de um mundo
Enquanto olhava atravez da janela
os edifícios e as luzes tremeluzentes
de carros que correm no vai-e-vem da vida,
parei num canto obscuro
e ali começei um mundo.
Pela manhã o sol acordava
atras dos montes sujos de névoa espaça.
Um galo cortava o silêncio matinal
e as plantas choravam orvalhos
de uma noite que passou.
No meu quarto, a janela me levava as serras,
abria espaço para o perfume das rosas
qeu se misturava com o cheiro de pão quente
e de café batido no pilão do dia anterior.
Logo que acordava me dirigia o labor,
as crianças iam estudar
e, quando voltassem, ficariam ansiosas
esperando uma figura pálida e enpoeirada
riscar o horizonte. E então gritavam: "Papai!"
O sol andava vagarosi pelo céu azul-anil,
ora vívido, ora bloqueado pelas nuvens que passeavam
e acompanhavam a dança dos passaras a cortar o céu.
Queimaria em cima da cabeça e logo esfriaria
perdido no horizonte.
À tarde, o lago atrás de casa
refletia o sol poente que excitava a vinda da lua
sob o céu azul-crepúsculo, antes vermelho-alaranjado.
Então eu me despedia do brilho ameno das estelas
e dormia tranquilo até que...
uma nuvem de gases me envolveu
e se dissipou levando consigo meu mundo.
Daí eu percebi que esse mundo ja existia,
ou já existiu.
Que o sol surgi atrás dos prédios
envoltos em fumaça preta.
Que os vidros dos carros suam o orvalho
e que não há mais café da manhã.
Que meus filhos me esperam ansiosos o computador
e que estão muito distraidos para dar um "oi".
Que o sol corre sobre o séu acinzentado
e que os pássaros se scondem da civilização.
Que o rio tá tão opaco de descuido
que não reflete mais a liz do sol-poente.
E esse fica tão esuqecido que se vai acanhado
com as luzes incandescentes e frívolas.
E eu durmo deixando as estrelas a se apagar.