ILUSÃO

As vezes vejo as pessoas procurando amor e as respostas, a dor e as perguntas, a dureza que persiste, nos dias resiste. Sempre me pergunto, se os textos necessitam de um caminho ou uma estrada.

Desisto então do glamour e tomo a primeira esquina deslumbrado com as palavras que me sai, sigo...

Uma a uma, estas vão tomando corpo, no tempo ao vento, todas passam depressa, todas enfim parece querer competir e competir, ou quem sabe agir, para no fim corrigir.

No começo parece uma fantasia insana, uma agonia com fibras, que tomam conta de uma cara, de um vida que vai tomando jeito. Sempre me pergunto o que poderei ser na linha seguinte, ou derrepente o que poderia ter sido uma linha atrás.

A verdade é que somos sempre a linha do agora, que muitas das vezes chora a procura de um caminho, ou perdido no vazio.

Apanho, bato, levanto, caio onde levarei meu pranto, planto o que penso ser, penso, sou o que posso ser, vejo. Prostituído numa vida apagando as feridas, vago no infinito à procuro das rosas.

Complico para ganhar emoção, entorto para encontrar os amigos, desdobro para conquistar inimigos, me irrito para satisfazer o total. Faço isso para ganhar moral, fitado vejo no espelho uma mágoa, debatido em paredes encontro uma vazão, trancado em questionamentos sinto-me cancionado pelo tesão.

Saiba que dessa estranha emoção nasce uma vida emaculada, um velho senhor, uma calçada, do turbilhar de uma noite confusa para um último acorde, ilusão.