Essa maldita poesia que sempre trai o meu silêncio
E diz de mim o que nem sempre posso e quero ser
Versos de mal entendidos, não lidos, combalidos
De longe qualquer lirismo é muito interessante
De perto esse sorriso forçado só para não desagradar
Esse disfarce mal arranjado nessa máscara apertada
De perto esse olhar atônito para a merda da vida
Quem é que sabe de mim? E sobre quem sou?
Quem se importa com o que eu sinto, se minto?
Ou se não minto e tudo é a mais pura verdade
Quem sabe? Sinta a sua dor doer, depois a minha
Tão igual a sua, nem maior nem menor, dor somente
A solidão e essa tristeza, a inquietação que isso dá
A desolação de minhas incertezas desmedidas
O amor que não se encontra fácil por aí
Cantado em versos espúrios, amor perdido
Amor esquecido palavra por palavra, cada uma
Está tudo lá naqueles gritos do escuro da noite
Do deserto da alma, dos ermos mais ermos do ser
Está tudo lá e ninguém vê, ninguém quer ver
E tudo cansa, tudo cansa e cansa, cansa...
Cansa ser, cansa crer, cansa viver
Cansa nunca morrer o que nem mais vive
Cansa ter de viver cada pesadelo que não tive
Vou cantar a beleza do dia que nasce, ilusão
Vou cantar a beleza da noite serena, alienação
Vou cantar a beleza da vida, mas vivê-la não
Vou cantar o nada de esperança no desespero
Vou cantar essa poesia vadia, triste e vazia
Vou cantar a tortura do instante bem vivido
E as agruras dessas palavras em inútil poesia
Deus não existe, o amor não existe, nada existe
O que existe é o sangue a jorrar desse canto triste
O que existe é este medo a criar tolas fantasias
Uma vida no além cheia de honra e glória, prazer
Mas além de tudo quero a vida e o prazer agora
Que se calassem em mim todos os versos insanos
Que vivesse somente o profano, tudo que é mundano
Sou do mundo, imundo como ele, sou profano, cigano
Sou fruto de meus enganos e desenganos e caminho
Ando apenas por essa estrada que me leva a nada
Sou nada apenas, apenas nada do que sei que não sei
Sou tudo o que fica deixado por aí pelos cantos
Aquele que nunca reclamou e nunca reclama
Sou aquele que não entende os próprios prantos
E não queria mais nenhuma palavra a dizer de mim
Nem mais essa poesia que me esconde tanto assim
Quanto a todos os outros, olhem-se em seu próprio espelho
Olhe em volta o que está perto, que é isso que aperta
Quanto a todos os outros, deixem-me passar e partir
Não me alimentem! Não me sustentem! Não me inventem!
E que me neguem até mesmo um reles olhar distraído
Que me neguem tudo e me deixem sem nada, sobrevivo
Mas me neguem também a palavra que soa enganada
Que posso muito bem e sei passar assim despercebido
Quem ama o quê? Quem ama quem? Que é que ama?
Que é que ama senão a si mesmo, somente a si mesmo?
Quem é que ao amar já foi capaz de enxergar a outra pessoa?
E sou eu agora que sou obrigado a amar somente uma idéia
A idéia que é possível ainda fazer do que seja o amor
Amar uma sombra, um fantasma, uma distância posta
Sou obrigado a amar uma ausência há tanto imposta
Sou obrigado a amar desse jeito e fazer da vida uma bosta
Eu que agora amo apenas o silêncio de todas as palavras
As que foram ditas e as que nem chegaram a ser ditas
As malditas palavras que me amaram sem ter o que dizer
As mesmas palavras que me deixaram sem entender
Se quiserem amar alguém, matem o amor por si mesmo
Todo mundo erra todo dia e espera, aflito, pelo perdão
Eu tenho dois ou três erros, talvez, em toda a minha vida
E já ganhei toda a eternidade a purgar no inferno
Porque não existe um céu para os ditos apaixonados
Não existe céu ou inferno só para justificar nossos pecados
Existem apenas essas horas do dia para passear a saudade
De um tempo em que ainda podia crer na tal felicidade
Para andar só na multidão com meus sorrisos forçados
E diz de mim o que nem sempre posso e quero ser
Versos de mal entendidos, não lidos, combalidos
De longe qualquer lirismo é muito interessante
De perto esse sorriso forçado só para não desagradar
Esse disfarce mal arranjado nessa máscara apertada
De perto esse olhar atônito para a merda da vida
Quem é que sabe de mim? E sobre quem sou?
Quem se importa com o que eu sinto, se minto?
Ou se não minto e tudo é a mais pura verdade
Quem sabe? Sinta a sua dor doer, depois a minha
Tão igual a sua, nem maior nem menor, dor somente
A solidão e essa tristeza, a inquietação que isso dá
A desolação de minhas incertezas desmedidas
O amor que não se encontra fácil por aí
Cantado em versos espúrios, amor perdido
Amor esquecido palavra por palavra, cada uma
Está tudo lá naqueles gritos do escuro da noite
Do deserto da alma, dos ermos mais ermos do ser
Está tudo lá e ninguém vê, ninguém quer ver
E tudo cansa, tudo cansa e cansa, cansa...
Cansa ser, cansa crer, cansa viver
Cansa nunca morrer o que nem mais vive
Cansa ter de viver cada pesadelo que não tive
Vou cantar a beleza do dia que nasce, ilusão
Vou cantar a beleza da noite serena, alienação
Vou cantar a beleza da vida, mas vivê-la não
Vou cantar o nada de esperança no desespero
Vou cantar essa poesia vadia, triste e vazia
Vou cantar a tortura do instante bem vivido
E as agruras dessas palavras em inútil poesia
Deus não existe, o amor não existe, nada existe
O que existe é o sangue a jorrar desse canto triste
O que existe é este medo a criar tolas fantasias
Uma vida no além cheia de honra e glória, prazer
Mas além de tudo quero a vida e o prazer agora
Que se calassem em mim todos os versos insanos
Que vivesse somente o profano, tudo que é mundano
Sou do mundo, imundo como ele, sou profano, cigano
Sou fruto de meus enganos e desenganos e caminho
Ando apenas por essa estrada que me leva a nada
Sou nada apenas, apenas nada do que sei que não sei
Sou tudo o que fica deixado por aí pelos cantos
Aquele que nunca reclamou e nunca reclama
Sou aquele que não entende os próprios prantos
E não queria mais nenhuma palavra a dizer de mim
Nem mais essa poesia que me esconde tanto assim
Quanto a todos os outros, olhem-se em seu próprio espelho
Olhe em volta o que está perto, que é isso que aperta
Quanto a todos os outros, deixem-me passar e partir
Não me alimentem! Não me sustentem! Não me inventem!
E que me neguem até mesmo um reles olhar distraído
Que me neguem tudo e me deixem sem nada, sobrevivo
Mas me neguem também a palavra que soa enganada
Que posso muito bem e sei passar assim despercebido
Quem ama o quê? Quem ama quem? Que é que ama?
Que é que ama senão a si mesmo, somente a si mesmo?
Quem é que ao amar já foi capaz de enxergar a outra pessoa?
E sou eu agora que sou obrigado a amar somente uma idéia
A idéia que é possível ainda fazer do que seja o amor
Amar uma sombra, um fantasma, uma distância posta
Sou obrigado a amar uma ausência há tanto imposta
Sou obrigado a amar desse jeito e fazer da vida uma bosta
Eu que agora amo apenas o silêncio de todas as palavras
As que foram ditas e as que nem chegaram a ser ditas
As malditas palavras que me amaram sem ter o que dizer
As mesmas palavras que me deixaram sem entender
Se quiserem amar alguém, matem o amor por si mesmo
Todo mundo erra todo dia e espera, aflito, pelo perdão
Eu tenho dois ou três erros, talvez, em toda a minha vida
E já ganhei toda a eternidade a purgar no inferno
Porque não existe um céu para os ditos apaixonados
Não existe céu ou inferno só para justificar nossos pecados
Existem apenas essas horas do dia para passear a saudade
De um tempo em que ainda podia crer na tal felicidade
Para andar só na multidão com meus sorrisos forçados