A ALMA NÃO GÊMEA

Certamente houve, há e haverá quem não carregue mais um duplo dentro de si: os que se conquistaram, os que fizeram em si mesmos a transmutação da própria sombra em luz, essencialmente seres que colocaram, colocam e colocarão sua vida a serviço da vida dos outros seres como, para citar apenas um exemplo, Madre Teresa de Calcutá.

Infelizmente, tal não ocorre com a maioria de nós. A maioria de nós carrega dentro de si também outra alma, não gêmea, uma alma díspar cujos pensamentos, ímpetos, gestos,ações, muitas vezes nos levam a seguir em direção oposta àquelas ações, gestos, impulsos, pensamentos que o ser de que temos consciência em nós desejaria ter.

Uma alma não gêmea, cujo poder sobre nós tantas vezes nos envergonha e nos verga, que nos torna tristes, que nos torna uma figura patética diante do próprio espelho.

Uma alma não gêmea que, quase sempre se aproveita da nossa tibieza de vontade para agir, e aí dizemos: "O que eu fiz nem parecia ter vindo de mim."

Uma alma não gêmea, cuja existência precisamos reconhecer.

Uma alma não gêmea, que precisamos erguer todo o tempo à luz da consciência para que,em tarefa no dia após dia, a possamos aos poucos transmutar.

Na manhã de 23 de março de 2011.