ASSOMBROSAS 
NOITES DE PLENILÚNIO



Yo pronuncio tu nombre
en las noches oscuras,
Cuando vienen las estrellas
beber en la
luna
y dormir en las ramas
de frondas ocultas

          frederico garcia lorca
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                        Quando é noite de lua plena e eu estou assim sem respostas, nem versos, nem caminhos, então eu tenho ganas de subir, ir até o mais alto de mim e me jogar naquele precipício das horas mortas, cabelos ao vento frio dos abandonos, mãos em volteios patéticos. Quando é noite plena de lua assim como esta eu anseio cavalgar por todas as indagações sem respostas, palmilhar cada letra das tuas palavras que não fazem nenhum sentido, percorrer até a exaustão aquelas enigmáticas frases que não me dizem nada e no entanto dizem tudo na falta do que não foi dito. E então correr da ânsia de morte que me assola as entranhas, correr desses calafrios de constatações incômodas nas quais me debato e vou lentamente sucumbindo. Havia uma lua pra mim, me disseste. Havia outras coisas, alguma estrela pra me fazer sonhar. Havia a tua mão na minha, o teu corpo, a tua voz. E hoje, diante desta lua assim tão esplendorosamente viva eu sinto a morte na boca e os pés pesados e minhas asas cortadas... cortei meus cabelos, ah, sim, cortei sem querer e quandi vi... lá estavam pelo chão, aquelas penas formando estranho desenho absurdo. Mas já não preciso deles, não preciso de asas, tanta coisa já não tem mais importância. Nem a lua, nem o vento, nem a flor que puseste no meu cabelo naqueles versos.  A vida não é tal os poemas aonde a dor é só vislumbre. A vida é dor em dó maior, é danação e lágrimas quando o amor que já nem era mais acaba de partir de vez. 
           Quando a lua explode assim em luz e fatalidades eu me rendo às evidências do aburdo dos desencontros. E ainda queria aquela outra lua, aquela que dissete que ias me enviar, e era tão pouco... Mas parece tarde. E quando as portas já estão fechadas e os ouvidos não mais ouvem, então é hora de partir. Inesquecível noite de plenilúnio, assombrosa e trágica como um mau presságio. E choro a lembrança de uma cena impossível agora: esta lua contemplando o meu repouso, enfim, no teu abraço..., trégua curadora e terna para uma viajante em desnorteado itinerário...

tania orsi vargas
Enviado por tania orsi vargas em 19/03/2011
Reeditado em 20/03/2011
Código do texto: T2858900
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