É JUSTO O QUE VEMOS?
Pare. Olhe para trás. Observe com atenção.
O que vê? Naturalmente o mesmo que eu.
Um triste e sombrio cenário.
Raciocine. Não se deixe levar pelo egoísmo comum às pessoas dotadas de uma vida de privilégios, cheia de conforto e alegrias.
Pense atentamente no quadro que vê. Não é tão triste e deprimente?
Pense ao menos no que poderia ser feito para mudar as cores lúgubres daquele cenário ali, tão perto de nós e ao mesmo tempo tão distante, pois algo mesquinho nos separa: o status.
Mas não temos o direito de aceitar uma separação tão estúpida. Não temos o direito, porque sabemos que apesar das aparências, somos todos iguais, somos todos irmãos.
Vê aquela criança ali? Observe seus olhinhos opacos.
O que vê? Naturalmente o mesmo que eu.
Uma grande vontade de sorrir e o desespero de não conseguir fazê-lo. O sofrimento não permite um sorriso naqueles pequeninos lábios descoloridos.
Certamente sente em seu ser apagado a angústia de ouvir o riso cristalino de crianças limpas e penteadas e de vê-las correndo felizes pelos jardins floridos e perfumados de seus palacetes brancos.
É justo o que vemos?
Sei que o seu coração, como o meu, está oprimido neste momento. Mas sei também que tudo o que vemos agora, ficará apenas como um pesadelo distante em nossas mentes egoístas.
O sofrimento que sentimos agora em nossos superficiais corações, desaparecerá tão rapidamente como desaparece o relâmpago no céu.
E voltaremos à nossa vida normal e tranquila de uma posição social que nos proporciona a felicidade.
E lá ficará a criança de olhar opaco, na mesma posição estática, em seu profundo sofrimento conformista causado pela fome, pelo frio e pela vontade louca de ser igual aos seus semelhantes.
E nós nem lembraremos mais o cenário triste de hoje, porque temos e o egoísmo a nos dominar.
Somos injustos e não queremos perceber...
Ou simplesmente fingimos não perceber para podermos continuar nossa vida de conforto e alegria, sem nos preocuparmos jamais com a miséria à nossa volta?!...
Parar. Olhar para trás. Observar com atenção. Pensar seriamente no que acabamos de ver agora é o que temos a fazer, pois se não o fizermos hoje, amanhã poderá ser tarde demais...