Amoroso Despertar
Sabia como ninguém fazê-la sorrir,
daqueles sorrisos meio-largos,
Que brotam quando bem querem
em um rosto tão inocente,
sutil, harmonioso. Um toque no nariz
um comichão danado,
Que como sem querer diz;
que a tarde avança,
E ela não se cansa de dedicar-lhe sorriso
como fiel aprendiz, daquela que lhe faz feliz,
E ao olhar atentamente, por trás de seus lábios
a visão dos dentinhos que ali iriam nascer
Imaginava consigo cuidá-los
até o mais avançar dos anos,
quando aquelas mãos pequenas mas determinadas,
alcançariam uma forma própria de cuidar deles
Enquanto esmiuçava-lhe cada palavra com ternura;
seus olhos brilhavam com autêntica perfeição
De alguém que a poderia compreender perfeitamente
Atravessado o meio-dia, seus pensamentos
já não se recordam, das noites em que quis sumir
dar as costas ao incerto, os sentimentos que vagavam à ermo,
meio termo do único desespero, de não ter nada e ninguém,
Os pensamentos já não tentavam pincelar
seus sonhos de esperança, pois ali ela estava
Morava em seus braços, com candura robusta
anjo sonolento, mar de sossego, doce vento.
E as lágrimas que outrora desciam,
como torrentes impenetráveis caminham
Para a foz da sua alegria, a menina que ela alimenta
entre as mananciais do seu corpo,
Que antes era local de desterro e solidão,
de suas ingênuas sensações
torna-se vertiginoso acalento,
que apraz a pequena dádiva por ela gerada
Bem perto de onde a agitação e a turbulência
se acorrentam, a placidez de sua menina a liberta, desperta
Nada é presente, o tempo somente
descansa, e sozinho se espanta
de ver que nem todos
dele dependem.