Momento de limite tênue entre a razão e o perder-se.
Quem não vive no limite?
Será que alguém guarda algum tipo de reserva para ter uma folga, uma saída para momentos desafiadores e não cair em tentação?
O momento exato entre o olhar e o comer o chocolate é a fina camada que te separa de romper com a sua dieta. E parece tão fácil resistir...
O chocolate, ah o chocolate existe aos montes por aí, mas e aquela decisão sobre casar ou comprar uma bicicleta? Aquele momento de pedir a conta e sair com uma mochila nas costas pelo mundo? E aquela pessoa que não deixa os teus pensamentos voarem soltos sem te dizer: “Oi.” E aquele momento que pode te proporcionar o romper desse fio mágico? Seja ele qual for?
E se eu te disser que essa linha é translúcida, transparente e de repente começa a se tornar quase inexistente? Como um facho de luz que quase te cega, mas que é tão frágil. Afinal de contas é só você tocar com o dedo no interruptor e a luz se apaga.
Você provavelmente fica em dúvida, praticamente em desespero e de repente, num estalar de dedos, você começa a enxergar um letreiro em néon pouco acima da linha dos teus olhos e com letras garrafais piscando: “NÃO PERCA A RAZÃO...” “NÃO PERCA A RAZÃO...” “NÃO PERCA...”
Você respira fundo, abaixa a cabeça e pensa: “É, não faz sentido.” Mas eu, sorrateiramente, volto a sussurrar no seu ouvido e te digo: E se desse momento, desse quebrar de regras dependesse o teu bem estar, um sorriso no teu rosto ou a tua felicidade plena?
Você, com certeza vai resmungar num tom de desânimo: “Mas é tão difícil optar...”
É, eu sei, realmente é difícil decidir. E viver é mesmo assim: um desafio.
E como desafios nos fazem viver! Nos trazem vida à flor da pele! E instigam, como instigam...
Eles te fazem correr riscos... Arriscar!
Mas mais do que isso, eles te fazem, no teu interior profundo e solitário, sentir. Sentir em infinito. E te despertam sensações guardadas. Aquelas que não são pra toda hora. São para momentos exatos e subjetivos. Instantes, na verdade. Momentos curtos, de preferência. Porque é nessa efemeridade que eles se eternizam e viram lendas. E então passam a morar vívidos na sua memória.
E se a sua lembrança for um mero sonho? Um sonho breve que durou apenas alguns minutos? Um sonho que se preocupou a cada segundo em ser sutil, em não romper barreiras, mas em evidenciá-las pra te testar? Um sonho que pisou em ovos. Uma verdadeira cama de gato!
Você provavelmente diria: “Mas foi só um sonho!” Sim, foi um sonho... Mas sonhar também é viver... É viver em pensamento! Você sente, vivencia e (graças a Deus!) lembra tudo depois! E o sonho também acaba virando lembrança. E mesmo assim, como lembrança, nos faz viver. Nos desafia, nos instiga. Nos faz sentir.
Então o que nos resta a fazer? Escolher? Optar? Decidir?
Viva ao seu modo. Se, se arriscando ou apenas sonhando, viver é pra quem se permite machucar. Cair e levantar. Arranhar aqui e ali e ainda assim continuar.
Pois então, continue e saiba:
Quem decide se o fio mágico de cada instante seu deve ser rompido ou não, é você.