ARTE DE MENINO
Era uma vez um menino
Que gostava de inventar
E, nos quintais da infância
Laboratório de pensar
Começou a criar.
Era menino arteiro
Era menino com arte
Arte queria fazer
Arte queria entender
E com ingênua arte
Arte fez, arte criou
Descobriu um jeito
De expor o que encontrou.
Este menino vivia
Infância de calmaria
Infância de correria
Atrás de bichinhos ou de bola
Uma infância de muitas horas.
Brincava de descobrir coisas
Detetive a investigar
Certa vez bem curioso,
Quis saber de fato o que era
Aqueles pontinhos brancos
Que enfeitavam a primavera.
Seriam brancas flores?
Ou uma linda aquarela?
Naquele instante pintava
uma idéia em sua “mente- tela”
Intuiu que ser artista, ser arteiro ou artesão
Era coisa que Deus dava
Pra quem tem inspiração.
Foi então que descobriu
o poder de sua mão
E com ela fez macramê
com fios de imaginação.
Talhou madeira, estátuas fez.
Com grande satisfação
E, de repente, foram surgindo
Negros olhos, alva tez,
vermelha boca de aceitação.
E foi assim que percebeu
Que ser artista é bem legal
Usar como inspiração
as coisas do seu quintal.
Brincar com pincel de Deus
Ter poder de criação
É o mesmo que possuir
Uma varinha de condão.
Quintal de grandes feitos
Quintal de grande saudade
Quintal de inquietude
Quintal da pouca idade
Concluiu que tudo podia
Na aurora da maturidade
O menino então crescia
Sem prenúncios de ociosidade
Para depois querer muito
Voltar à tenra idade.
“Aí reside o Mistério:
O homem está no menino – só que o menino não sabe
O menino está no homem – só que o homem já se esqueceu!
Mas isso é uma outra História....” Ziraldo