REVISITAÇÃO
Quentes finais de tardes janeiras
No trecho de praia que batizamos Rússia,
E que já nem me lembro mais por quê...
Bando de gaivotas chalravam,
Verão, o sol indo embora,
Acenando pra lua branca,
Substituta natural.
Passagem de astros
Que, cúmplices, nos viam passar.
Navios do horizonte nos espiavam.
Nas escotilhas, imaginárias pessoas
Mal entendiam o que era aquela chama
Que, enovelada, se deslocava na areia,
Abrasando a noite que descia.
Tantas vezes volto àquele pedaço de mar...
Procuro o casal apaixonado.
Não estás.
Partiste num dos navios estrangeiros, talvez.
Ou foi o Amor quem partiu?
Espero notícias nas vozes das gaivotas.
Escuto tua voz no côncavo dos búzios,
Procuro nossos passos no espelho das águas,
Espuma vem e volta, avança
Mas não te devolve aos meus braços.
Não estás.
Nunca mais.
Marujos sem porto não se lembram de voltar.
19/4/2006