Sobre a lua
Quando eu tinha aproximadamente 10 anos ouvi dizer que os apaixonados enxergavam nas crateras lunares um coelho e foi com um imenso prazer que eu constatei naquela noite um orelhudo que pululava noites afora. Me apaixonei pela lua desde então.
Para ela escrevi inúmeros poemas, lhe dediquei inúmeras canções. Sob sua luz refletida tive noites de amor e, quando estas acabaram, foi sob o mesmo luar que busquei inspiração para me queixar e encontrar consolo para as mais diversas situações.
Ultimamente, porém, depois de muitas luas vividas, tenho notado algo de diferente nela. É noite de lua cheia que sobe alaranjadaa às alturas e eu percebo que aquele coelho que outrora me fizera tão bem já não existe mais. Nas cicatrizes da lua eu enxergo tão-somente um rosto triste. Minha lua teimosa chora para mim.