Diário Psiquê
Hoje a chuva de todos os lados tentou invadir a janela.
É uma boa escolha, a melhor que eu poderia ter...mas não é a escolha certa, ainda não, não foi desta vez.
Não se trata necessariamente de mim, não mais. Prefiro não selecionar partículas intangíveis, entre migalhas espalhadas aos pombos em meu pequeno parque individual e secreto. Mas estas migalhas tem estado muito por aqui ultimamente. Estas sementes tem dado um pé de seja-lá-o-que-for que eu gostaria que não estivesse aqui. Não o pedi, não o desejei, não o amo, se é que é isso que eu deveria sentir por ele. Talvez eu deva mesmo hostiliza-lo, para que ele e eu aprendamos que não se deve precipitar quando se recebe migalhas; já perdi muitos pombos assim, não desejo perder mais nenhum.
Hoje eu gostaria de celebrar um pouco mais toda essa estupidez. Esse desperdício. Desperdício de mim. Já não sou mais quem eu costumava ser(em meus sonhos...)e sim aquilo em que um dia me disseram que me tornaria, tornaria-me nisso, ou nisto, porque estou aqui. Presente, e apresentável. Não posso dizer que bem, mas se fizessem uma escala de avaliação veriam que de uns tempos pra cá o resultado seria no mínimo satisfatório. Então tudo bem, eu estou bem, os pombos estão indo bem também. Bem, bom, satisfatório. Não vejo muito como pode passar disso. Não mais.
Hoje tive um pequeno tsunami interno. Uma onda minúscula, mas que se posta dentro de um ser humano torna-se literalmente uma catástrofe natural, apanhou-me de chofre, e eu deixei-me levar(como se pudesse ter tido alguma reação que não fosse essa). Me permiti nadar por entre os fragmentos do que o tsunami arrastou. Desviando dos dejetos, fiz-me criatura flutuante em meio ao caos.
Finalmente, em um longo espaço-tempo, senti-me feliz de fato. Feliz...feliz?
-Ora poupe-me metáfora, já disse que não temos nada pra conversar!
Hoje descobri que eu sei perder. Sei perder mesmo quando acreditava que ia ganhar. Sei perder pra quem sei jamais poder vencer, pra quem eu sei que jamais eu poderia superar. Aprendi a engolir um pouco mais palavras nobres, e a cuspir de volta uns termos mais singelos, corriqueiros, o que seja...aprendi que pra ganhar, deve-se ser um vencedor. E isto bastou para me convencer a sair, de bom grado, do campo de batalha.
Hoje eu tenho certeza de que tudo o que está por vir, me fará ainda pior do que o que já passou. Não sei como essa história termina, e não vou ficar para ver o final.