A FUGA DA INSPIRAÇÃO

 

 

Abri as portas,

escancarei as janelas...

Busquei nas asas do vento,

nas profundezas do pensamento...

Tentei o dia,

supliquei à noite...

Esperei a lua cheia,

a nova e a minguante,

pedi às estrelas

atenção por um instante

no silêncio que me rodeia...

Fugi do imponderável

fui encontrar o mar

gigante, insaciável...

Pisei na areia,

abracei as ondas,

sentei-me ao sol.

Voltei à realidade

para buscar a verdade...

Peguei o meu caderno,

companheiro eterno

nos devaneios

da poesia...

Esbocei os meios,

sem interrogação

sem ponderação

nessa letra vadia...

Busquei nos sonhos esquecidos,

nos olhares perdidos

das santas e prostitutas...

Vasculhei a minha alma,

suspirei fundo, em calma.

Cerrei os olhos...

Viajei... e me entreguei

à impotência que emluta.

Abri meus braços

e supliquei...

Desarrumei as gavetas

E nada encontrei...

Sorvi o perfume

das flores em botão.

E vi o negrume

dessa solidão.

Pedi clemência,

ao sentir a ausência

de minha inspiração!