Meu dia
Acordo ainda com sono
e enquanto todos dormem,
arrumo a mesa para o café.
Dou um espaço a vaidade;
cabelo, maquiagem, perfume...
Cadê a roupa que procuro?
Qual combina com meu humor?
E quando todos acordam,
acorda junto a desavença...
Cada um arranja um jeito
de atrair minha atenção.
O marido quer a camisa
(aquela que nem foi passada).
O filho do meio procura o tênis
(que deixou na casa da avó).
A caçula, ainda com sono,
chora de causar raiva. E dó!
E o mais velho, muito sério comenta:
- Essa casa já foi bem melhor...
Chego a sair do prumo,
mas logo recobro o juízo.
E, as seis e meia da manhã,
a casa fica em silêncio.
Cada um toma seu rumo:
- trabalho, faculdade,
escola, escola, escola.
Ao meio dia já estou em casa.
Sou a primeira a chegar
e da cozinha não saio até o almoço preparar.
Um não gosta de peixe,
o outro não pode ver frango e eu,
carne vermelha, nem pensar!
Tudo na maior correria,
Vendaval e ventania!
E lá se foi a primeira parte do dia.
A uma hora voto à escola;
no caminho deixo o filho do meio no inglês
e a pequena no balé ou na fono,
que tenta consertar seu jeito errado de falar.
E na escola, mais correria...
Ensinar, entender, aprender, criar,
ajudar, inventar, incentivar...
E as seis horas acaba a segunda parte do dia.
Agora é voltar para casa e preparar o jantar.
O bom é que o sono das crianças, logo começa a chegar.
Aí vem o filho mais velho, querendo conversar...
Reclama da namorada, fala mal da faculdade
e diz que está infeliz...
Entra em cena a psicóloga, que ouve tudo, atenta
e tenta mostrar que sempre há tempo de mudar...
Depois chega o marido, carente,
se sentindo injustiçado,
um maior abandonado, sentindo falta de amor...
Durante o dia fui tudo isso:
Arrumadeira, cabeleireira, maquiadora,
estilista, passadeira, detetive,
cozinheira, motorista, professora,
psicóloga, conselheira...
E a noite?
Ah, a noite fui ótima!