[03h20... A Manhã Cinza]

Minhas manhãs... onde?

Acordo, e só vejo o escuro,

sinto cansaço do vazio,

tenho a voz presa,

não posso falar,

e ainda que eu tentasse,

não teria uma escuta...

É hora de desaprender

tudo o que vi e vivi,

de esquecer o corpo

em dormências inúteis?

É hora de não mais

admirar-me dos passos

da formiga preta na

amarelura das flores?

É hora de não mais

interrogar as pessoas,

o perfume das flores do campo,

as estradas, as águas, os céus?

É hora de ficar abandonado,

feito um objeto antes valioso,

ao relento frio do quintal?

É hora de ir... e eu não vi?!

É o quente da hora da Hora,

É a hora do "Óh"?! Será?

Minhas manhãs, sem estrelas,

agora são de chumbo,

e não de ouro do sol?

Amanhecerá... enfim,

para mim, outra vez?

Espanto... secura...

[Penas do Desterro, 10 de março de 2011]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 10/03/2011
Reeditado em 11/03/2011
Código do texto: T2838647
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