- 8 - "Vinte e Nove Poemas"

Lembro os passos sobre a relva os caminhos de saibro um corredor até às fendas da luz pela manhã ou pela tarde ou pela noite e repti sempre a escrita da noite e e a infância era breve na inconsciência e longa na inconsciência todos os dias a vida se gasta gostava de ficar deitado no areal deitado imóvel no areal com essa luz caindo sobre os membros na água do corpo deslizava a luz e a emoção era a emoção pelos olhos era a emoção quase quase impaciente de abraçar o cenário onde azul intenso que era o céu pensei assim mesmo quando outra noite fosse outro céu e tudo se afasta tudo se perde se perde nos contornos da penumbra lembro os passos entre as árvores entre os pinheiros por entre a ruptura do vento um corredor de barcos no litoral mais longe o outro lado onde se pode sonhar deitado alguém deitado e os barcos mais longe sob a planície do céu fosse para escutar a destreza das ondas ou os sentimentos que tornam o dia mais fundo os dias mais fundo assim a certeza do que não volta ao céu dos olhos dos textos dos textos por escrever quando desde o início a minha sombra foi pela manhã ou pela tarde ou pela noite foi.