as asas de ser feliz
Como possuir tais asas?
Asas de voar novidades. De voar para encontros felizes. De sair à francesa no pior da festa, ir festar em outra freguesia. Asas de voar para encontros jamais esperados, uns olhos escuros no meio daquela noite iluminada pelos estandartes da folia, uns olhos na memória me paralisaram num momento em que todos os astros se conjugaram para aquele instante, o vermelho nos corpos em cadência, a festa, o encanto de um raro instante longínquo. Linguagem de corpos viajantes. Solidários e cúmplices. Ávidos.
Como então não fruir dessa tamanha efusão de sentimentos, dessa fome de vida?
Ser tal aquele elétron que age inesperadamente fora dos padrões e vai fazer combinações alhures, longe daquele núcleo da mesmice do seu átomo, e comprova que a vida é surpresa, susto, danação, encontro, multicoloridas formas, fantásticas cores e sons. E então, tudo acontecer sob este Sol ou `a luz da Lua dos namorados perfeitos dos cartões postais.
Mas como não chorar até doer quando nos vemos com pés fincados nesta pedra das impossibilidades? Como não gritar até o corpo ficar em tiras, diante dessas cercas, dos nossos enredos complicados, espinhos cravados até o âmago de tantos desencontros?
Ah, as asas para o amor... asas de voejar como borboletas ansiosas nas danças de acasalamento... de voejar no teu cheiro, na tua boca, no teu peito. No teu amparo, na tua paz...
Ah o nosso amor... o amor flui, se expande em intensidades e paira pra sempre como entidade incorporada. Ele não acaba. Apenas petrifica.
E depois, vira anjo, vira flor, céu estrelado, vira Poesia...
Para então renascer, como eterna luz, redenção, amparo e êxtase.