EM VISITA AO MAR

Afinal pude visitar o Mar, após ausência e saudade por mais de sete anos. Pude reencontrá-lo, pude receber dele as boas-vindas.

Estive junto dele pelo pequeno espaço de quase cinco dias.

Muito pouco, quisera ter podido ficar muito tempo mais, houve mesmo momentos em que me assaltou o desejo forte de com ele ficar para sempre, o desejo de não mais voltar para o meu destino que precisa sempre acontecer longe dele.

Desses quase cinco dias, quatro estiveram cinzentos, só na manhã do quinto dia abriu-se o Sol possível. Aproveitei então os primeiros quatro dias para caminhar na praia e para ficar diante dele, Mar, a contemplá-lo, ao longo de silenciosas horas de meditação... esvaziando a mente de todos os pensamentos e lembranças e dores e das ruas sem saída habituais. Deixei-me diante dele, de sua eternidade, de sua fala ancestral. Deixei-me, quieta, diante da sua presença infinita. Deixei-me invadir pela silenciosa ternura que ele, Mar, com toda a sua força, sempre me desperta.

Pedi-lhe licença para entrar em suas águas, em ato de respeito e de amor, ensinamento da amiga sábia que viajou comigo. E senti que ele, Mar, também me acolheu com amor e com respeito. Era tudo de que eu precisava para me voltar a sentir inteira, sentimento que pretendo prolongar até onde me for possível, no durante e no sempre dos deveres para com as pessoas do mundo que me coube.

Voltei ontem, no domingo de Carnaval, do Carnaval de que tenho estado longe, em busca do reencontro com meu mar interior. Voltei, para o mundo que me cabe, com a serenidade que consegui reencontrar. Hoje, ao abrir a janela da sala, deparei com as primeiras flores da "minha" amada paineira e isto é sempre um bom sinal, é também uma saudação de amor.

Na manhã de 07 de março de 2011.