FANTASIAS DA FESTA DE MOMO...

Do lado de cá, o silêncio da madrugada chuvosa é cortado apenas pelo estrondar das ondas nas pedras. Não muito longe, a cidade acesa, em festa, reflete sua folia, nas águas serenas e mornas do mar... A beleza refletida na água, também encobre o saudável e o profano da festa em pleno glamour: É CARNAVAL! A festa das igualdades, pois a alegria de um , é de todos... Daqui, eu fico pensando nos dias em que Momo ainda reinará a folia, levando sonhos nas fantasias que conduz cada gente dentro de seu coração... Na minha fantasia de hoje, vesti-me de sonhos verdes de esperanças e chamei meu amor pra sonhar comigo..., na minha fantasia, ele então se fez Pierrô, se fez apaixonado e na delicadeza de meu amor, voamos por lugares felizes e nos fizemos profanos, um do outro, na festa de Momo, que é festa de sonhos, apenas, de sonhos... Amanhã, talvez, me vista de vermelho, fantasio-me de devassa e como tudo que visto é mesmo ilusão... e obediente de Momo, eu tome um porre de felicidade... Mas sei! E como sei! Que a felicidade que possa gerar o porre é a tristeza da devassa sem seu homem que está n’algum lugar na real devassidão...... Que linda a cidade de Momo! Olha só! Mesmo caindo uma chuva rala, quase uma garoa, parece que um céu estrelado caiu sobre ela!!! Uma explosão de luzes balançam sob a água que baila o ritmo da festa e eu me junto à essa festa e com eles começo a dançar e cantar: “HOJE EU NÃO QUERO SOFRER, HOJE EU NÃO QUERO CHORAR... DEIXEI A TRISTEZA LÁ FORA, MANDEI A SAUDADE ESPERAR.........” Mas a saudade tem pressa, não gosta de esperar... Talvez na quarta –feira, quando Momo e seus foliões já acordaram dos sonhos..., eu, vestida de cinzas, ainda cante: “MORREU MARIA, QUANDO A FOLIA, NA QUARTA-FEIRA, TAMBÉM MORRIA E FOI DE CINZAS, SEU ENXOVAL, MORREU MARIA NO CARNAVAL...” E os dias vão passar, outras festas vão brilhar, outros sonhos vão sonhar nos meus sonhos que eu só sonho e nunca acordo..............

(Trechos, entre aspas, de letras de músicas carnavalescas de Rutinaldo / Klécius Caldas ( O Primeiro Clarim) e de Luiz Carlos Paraná (Maria, Carnaval e Cinzas)