Tempo

Freqüentemente ouço afirmações tais como: “Tudo virá a seu tempo” ou “Já não me resta tempo para fazer tudo o que queria” ou talvez “Desperdicei muito tempo de minha vida com coisas sem importância”. Confesso que muitas vezes fiz minhas estas declarações e hoje entendo que e nesta maneira de pensar que reside o maior desperdício deste recurso tão valioso que é o meu tempo.

Para os gregos, segundo a mitologia, CRONOS era o deus do tempo, sua peculiaridade era a de devorar seus próprios filhos indefinidamente. Simbolizava assim a ação do tempo que tudo devora inexoravelmente. Mas como algo tão abstrato, invisível pode ser tão poderoso? Talvez porque eu o possa medir, mas não possa conter, ou o possa sentir, mas não possa ver. Seu poder é este, o de ser absoluto e incontrolável.

Já não conto o meu tempo passado, pois não o possuo mais. Os dias e anos que se foram são agora como livros na estante da minha vida, capítulos que não podem ser mais mudados aos quais vãos e somando novos a cada dia que passa. Olho adiante, para o novo, o desconhecido. Não tenho receio do futuro, imagino que estou sempre na metade da minha senda, não temo a idade, pois ela é apenas o compasso do tempo.

Não tenho a pretensão de fazer coisas grandes, os capítulos das utopias ficaram lá naquela estante, nos volumes destinados à adolescência e juventude. Também não penso em recuperar algum tempo perdido, pois este é formado por páginas em branco que já estão numeradas. Apenas sigo em frente projetando, desejando ou sonhando enquanto houver tempo.

J.Valjan.

Valjan
Enviado por Valjan em 05/03/2011
Reeditado em 07/03/2011
Código do texto: T2830834