Lúcifer
Derrepente eu me tornei um deus
Os faróis do mundo me iluminavam
E eu iluminava os faróis do mundo
Como se eu fosse feito de fôgo e cravejado
Por todos os brilhantes da terra, lapidados
Para a gloria dos homens
Para a gloria minha, nenhuma gloria me bastava
Nenhum prazer me libertava das amarras de um deus
Visível e invisível que me habitava
E num crescendo e decrescendo, ora desabitava o coração
Na orgia incandescente da ilusão
Ao meu comando, o circo da vida
Girava feito navegante bêbado entre procelas
Entre um coral de palmas e delírios
Insaciáveis mares, dilaceradas ilhas
Gloria ao homem do vento, diziam em anunciação
( Em gloria e alucinação )
Glória àquele que faz dançar os girassóis
Com os seus passos leves de bailarino
Entre o espinho e a singeleza da flor
Glória ao homem deus que esqueceu o amor
E se debaterá nos abismos da alma
Sem o calor dos homens, sem a doçura dos eleitos
Sem luz, sem versos, sem calma