017 - HORIZONTE PERDIDO...
Enquadrei-me no contexto da minha mediocridade ao aceitar o inaceitável e perdoar o imperdoável. Abraçando-a como se abraça um horizonte inalcançável, pra depois tentar esquece-la como se tentam esquecer dos sonhos os pesadelos, a alma que amontoava celeremente como esperança minha pedaços deste sonho, de vez estremeceu, amofinou ao sentir que ao abraçá-la abraçava vagamente um corpo, sua alma no distante para além do meu amor perambulava. Amaldiçoei-me de infinitas maldições por aquele instante tão desejado, mas de tão surpreendente desenrolar, tão surpreendente que dos olhos da alma apossou uma cegueira momentânea ao desacreditar da realidade exposta. Hoje tardiamente pude compreender o que incompreendido ficou naquele momento tão fatídico e tão devastador; que muitas vezes perdoar tem um sentido mais amplo, duplo, que é libertar e libertar-se. Liberta ela disse adeus... Seguiu o seu caminho. Naquele tempo me arrependi tanto de ter sido o que fui, hoje me arrependo outro tanto por ter arrependido, na cadência do tempo aprendi que a intensidade daquele momento fez com que eu aceitasse o inaceitável e que perdoasse o imperdoável, mas a vida tem dessas coisas, e são essas coisas que dão algum sentido à nossas vidas.