(talvez ontem , talvez tambem amanha , )
este cuidado ..este cultivo de palavras...
este casulo que pode à qualquer instante abrir-se em asas...
cuido com mãos pequenas , com delicada vontade,
com exagero de adubos ...
metáforas colhidas só pela alegria de te-las ...
(sem saber exatamente o que com elas fazer ...)
mas , elas estando vivas , sabem buscar seu próprio alimento ...
seu literal complemento...
me livrar de quaisquer tormentos...
e neste acalento , bem lento , das palavras que surtam no vento ,
minha poesia se faz novelo ...
embola as linhas onde as tais palavras procuram sentidos ...
e se trançam misturadas, numa confusão de emoção e comoção
buscando combinações em cores desconexas ...
alinhavando idéias perplexas
que acham que nunca vão se desembolar ...
acredito que linhas poéticas sejam assim mesmo...
um tricot eterno ,
tecendo fios de pensamentos modernos
os últimos sentimentos sendo contados por pontos e contrapontos instantâneos
expontâneos ...
num tear manual ...
rudimentar no seu gesto
sensível no seu protesto
artesanal na sua tentativa
de fazer da vida este corpo exposto ...
querendo se aquecer no cobertor incompleto do verbo por tecer ...
(( MELLMELLO))