MISTURADOS



Quando de todo deixarem de olhar a natureza
Esquecerem que há um mundo todo nosso
Pelo qual quase não há mais zelo...
Quando o encanto para muitos perder o encanto,
Quando os olhos simplesmente vêm, não admirarem,
Quando este planeta não mais tiver o que nos oferecer
O que faremos e pra onde iremos?
Quase nada é reciclado, há lixões pra todo lado
Não há mais preservação.
O ser humano mistura-se a qualquer coisa que encontram
Para transformar no pão que lhe matará a fome...
Quando muitos de nós futuramente perder a dignidade
Por faltar oportunidade para sentir-se melhor
Quem sabe possa ser tarde porque a desigualdade
É tão grande quanto à ambição.
Quando enfim nossas crianças perdidas sem esperança
Misturadas aos lixões, comendo o que conseguirem
Dividindo com animais o pouco que encontrar
Talvez não haja mais tempo para o tempo que ficou
Perdido junto com elas por tanta falta de amor.
Quando então a vida terminar para os mortos vivos
Sem teto, sem pão sem brio, olhar perdido no vazio
Sem mesmo saber quem são talvez jamais venham a ter
Onde recostar o corpo que se esqueceu de cair.
Levantem os olhos pro alto num pedido silencioso
Para que lhes enterre ao menos num pedacinho de chão
Longe de resíduos fétidos que escorre, se desmancha...
Feito gemidos de tantos que ainda estão ali.
Só pedem dignidade já que a desigualdade,
A falta de humanidade sempre os ignorou.

Brasília, 28/02/2011