Preciso dizer que te amo.
Quando te conheci, a tarde azulbrancamarela, cheia de gente ao redor, parecia primeiro dia de férias - e, de certa, forma, o foi.
Eu observava tudo com olhos vorazes, apenas minhas mãos eram calmas... Eu sempre soube fingir bem - mesmo agora faço de conta que nada sinto, e te devoro, sim, e te decoro os versos sem rima e a métrica de teu coração, batendo em descompasso com o meu.
Sei a hora em que te perdi: quando nasci, antes do necessário e só, e destinada a ser só... E soube o instante do medo de te esquecer, momento de susto e dor e de alívio tão indigesto como só a mais correta desesperança é capaz de prover.
Muita coisa vi: o pulsar de tua garganta (que ainda quero morder e cortar), teus dedos longos, nervosos, enlaçados em outros dedos, tua inteligência, tua ousadia... minha consciência, minha coerência, minha covardia.
Quero nunca mais o encontro, sequer oportunidades, mas eu sempre fingi muito bem.