Danação

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Nota: Um texto literário deve ser lido e compreendido tendo-se em conta que este pode ser fictício ou acontecimento de terceira pessoa, narrado na primeira, ou ainda pura abstração. Nem sempre é biográfico.

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Não se entusiasme muito

Com este meu sorriso.

Cuidado, muito cuidado,

Vá devagar!

Não se impressione tanto

Com essas canjicas expostas,

Assim, com esse ar abestado.

Riso mentiroso, fajuto,

Enganador, demente.

Se olhar bem, com atenção,

Poderá observar meus dentes.

Nacarados, infestados de cáries.

Repare como são feios,

Acavalados e enormes.

Repare nas aftas, inflamadas.

E o hálito? Cheire! Que horror.

São emanações sulfídricas,

Que vem lá de dentro de mim.

Este sorriso que a atrai

Não é senão a porta enfeitada

De uma casa muito suja,

Imunda mesmo. Uma pocilga.

Mas já que chegou até aqui,

Tente olhar lá dentro. Olhe!

Está escuro? Tudo é negrume?

Pois é. Trata-se da minha alma.

Prontinha para descer às trevas.

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Luiz Vila Flor
Enviado por Luiz Vila Flor em 27/02/2011
Reeditado em 27/02/2011
Código do texto: T2817504