Amor com Amor se paga e Etc...
Apertava forte o pescoço dela entre as suas mãos
Aquele no qual tantos beijos dera
Aquele no qual tantas caricías fizera
As lágrimas escorriam impacientes dos olhos
Que encaravam os olhos negros dela
Estarrecidos, amedrontados
Ambas sabiam o que estava acontecendo
Era o fim...
Não o fim de um amor
Mas o fim de uma dor, de um acidente
Era a morte que ja anunciava fria e massante a sua chegada
Sentia o coração dela batendo nas veias de seu pescoço
Antes rápido, ofegante , agora ja lento
Como se o relógio da vida dela estivesse parando
Pouco a pouco
Meu Deus como amava aquela mulher
Porém era um misto de ódio, de rancor, de mágoa
Como ela pode fazer o que fez
Nunca a perdoaria por isso
E as duas sabiam, ela sabia por que morria
Ela sabia por que as mãos ao redor do seu pescoço
Eram agora não de carinho, mas de dor, de vingança
Ela nem lutava mais
Era como se aceitasse o seu destino
Ali frente a frente com o seu fim
Enquanto sentia as duas mãos da outra em seu pescoço
Ela já não tinha dúvidas
Ela sabia o quanto a amava, o quanto a queria
Por que jogara fora sua única chance de ser feliz
Por que no lodo do ciúmes
Atingira-a no ponto fraco, ela sabia que morreria
Ela sabia desde o começo
Tinha lhe tirado o sopro da vida
Sabia que morreria por suas mãos
Talvez fosse a morte que ela buscasse afinal
Morreria assim, olhando nos olhos de quem amava
Pelas mãos que tanto conhecia
O folego faltava, a garganta moída dóia
E nos olhos da outra via a tristeza daquela cena
Deus tenho que mata-la
Deus por que tenho de mata-la?
Deus por que a única que eu amei
Deus... eu a matei....
Agarrou-se ao corpo distendido e sem vida que se inclinou sobre o seu
O cabelo ainda guardava aquele cheiro tão familiar
A pele ainda guardava a mesma textura
Mas o coração já não batia
A alma esvaiu-se
Era o fim
Agora morreria também
Sabia desde o ínicio
Tirou o revolver de dentro do cinto da calça
Engatilhou a única bala
Encontrariam-se agora no inferno
Ela tombou, e sua alma seguiu em direção ao abismo....