- 7 - "Vinte e Nove Poemas"

A cidade no nevoeiro vitrais as nuvens tristes dos edifícios definitivamente haverá um nome um nome para recordar nos postais esta luz coada e os rostos anónimos os nossos rostos anónimos de outros sempre será a memória onde o corpo esteve com a solidão nas ruas expostas à solidão a noite inteira às vezes guardando a palavra luminosa do nosso silêncio ficámos na esplanada e era de noite as palavras as palavras escapam-me como se a realidade pudesse ser apenas a beleza dos teus lábios nada mais a beleza unida na linha dos teus lábios e eu queria a noite mais profunda a noite de te olhar ao abrigo da corrupção das horas nenhuma despedida com os dedos ou com o contacto das veias nenhum movimento que fendesse o tecido das sensações a cidade depois ainda coada no nevoeiro a partida pelas margens da noite de mim a mim a ausência de te tocar de saber de saber a ausência nos vitrais da imagem de ti as palavras agora inúteis eu que também parti ao fundo da noite desolada e nós ignorantes da beleza futura apenas os vestígios desses lábios nos sulcos da densa neblina seria a vontade de tentar esquecer o que somos era agora na rotação da viagem era adeus uma linha a breve margem do adeus