Não sei se é saudade…


Lá fora está chovendo,  aqui dentro tento aquecer o frio de meu corpo com um café, mesmo sabendo que é inútil, pois nada aquece o frio nascido da melancolia.

Não sei se é saudade de mim, de você, de nós, ou uma mistura de tudo isso. Fico me perguntando por que sentimos tantas coisas que não sabemos definir.

Por que desejamos coisas que nunca poderiam ser colocadas em nosso livro aberto, coisas que alimentam o mistério de nossa alma, aguçam nossos pensamentos e farão, para sempre, parte de nossos segredos.

Li, em algum lugar, que os segredos nos deixam mais fortes.  Se é assim por que estamos sempre buscando explicação para o que nos parece inexplicável?

Por que reviramos o passado em busca de alguma coisa que perdemos, sem nunca termos tido ou sonhando com o futuro, que nem sabemos como será?

Por que nos preocuparmos com o ontem e o amanhã se a vida é o que acontece hoje, exatamente entre o ido e o por vir?

Parece que não adianta saber que os físicos estão certos ao afirmarem que tudo passa. Temos sempre a pretensão de reter o tempo, fazer o relógio parar naquele momento mágico que ficou tatuado em nossa retina e esculpido em nossa alma...

Por que sinto tanta saudade do tempo em que parecíamos indispensáveis um ao outro, em que nossas gargalhadas ressoavam pelos corredores da academia, de quando nos julgávamos unidos por idéias e sentimentos, quando as diferenças e semelhanças eram pontes que nos uniam?

Hoje alguns elos parecem rompidos, não há mais o café no fim da tarde, as conversas nos batentes, nada de ligações fora de hora. Tudo que nos aproximava – a música, a certeza que enfrentaríamos o mundo, os livros, as piadas, “as vezes tão sem graça”, o choro, hoje parece nos distanciar.

Em momentos assim sinto que nossos caminhos excluem os outros e as nós mesmos. A promessa de fazermos juntos a travessia, seja ela qual for, parece ter ficado apenas na intenção e na velha fotografia, sempre renovada...

E quando aquela rua puxa meu olhar, que se derrama, saudoso, em busca de nós dois sinto uma saudade imensa daquelas manhãs onde a única certeza era que continuaríamos juntos.

 

É esta certeza que me faz seguir amando você, apesar da distância que me faz pensar e escrever assim...

















Ângela M Rodrigues O P Gurgel
Enviado por Ângela M Rodrigues O P Gurgel em 26/02/2011
Reeditado em 26/02/2011
Código do texto: T2816773
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