PRECISO ACEITAR O FATO DE QUE NÃO QUERES REENCONTRAR A ESPERANÇA
Preciso aceitar o fato de que perdeste a esperança e mais: não queres reencontrá-la, nem na vida, nem nos versos dos poemas, nem nos alguns poucos tesouros preservados na lembrança.
Ficarei por perto, como sempre, já sem a pretensão de poder ensinar-te o que quer que seja, que já nada, nada mais queres de quaisquer aprendizados. Ficarei por perto, como sempre e tentarei fazê-lo sem mais sentimentos de culpa pelas tuas todas desistências.
Somos agora livres, eu e tu, livres, de liberdade com gosto amargo, de liberdade meramente a olhar as árvores e as aves com ainda a lembrança cada vez mais imprecisa e vaga da liberdade que ela, esperança, poderia ter sido, se tivesse havido coragem, se as regras do jogo tivessem sido claras sobre a mesa, se as máscaras, tantas, não tivessem ficado pegadas à cara, umas sobre as outras, como no poema do Fernando Pessoa.
Preciso aceitar o fato de que perdeste, de verdade, a esperança, assim como preciso aceitar o fato de que não queres, em hipótese alguma, reencontrá-la. Preciso aceitar também o fato de que eu ainda não desisti de reencontrá-la, a esta mesma esperança. Tristemente... doloridamente... reencontrá-la apenas para mim.
Na manhã de 25 de fevereiro de 2011.