012 - O DESPERTAR...
Um vento gelado em cheio atinge e devasta a minha alma que não tremula nem se acovarda, aquieta-se como um animal ferido no avaliar de oportunidades de fuga. No embaraço do momento, um silêncio sepulcral domina sem dor a natureza do meu ser, e um gosto de desgosto resseca a minha boca. O que avizinha furtivamente eu não vejo, pressinto, estranha-se é que não há salvante algum em que se possa agarrar, nem uma pálida esperança no alcance do meu pensar a estirar sem nortear. Furtivamente serpenteia ao meu redor um ser enigmático e obscuro que insistentemente fala aos meus ouvidos que a vida e a morte são lados de uma mesma moeda, e
o que importa é que consigamos extrair o máximo da essência desses lados, diz também que a vida é um sonho de uma outra vida, e que esta outra vida também é um outro sonho de uma outra vida além, e que morrer não é o fim, mas o despertar em uma outra vida e assim sempre foi e assim sempre será... Sonhos gerando vidas... Vidas gerando sonhos... Mas a perplexidade está neste silêncio profundo e incerto e dominador que a tudo cala e silencia que a tudo sobrepõe, e este Ser, senhor absoluto deste contexto que incisivamente se volta contra o meu ser tentando-me com um novo sonho em uma outra vida. Não me entrego, nem me curvo a este deslumbramento tão envolvente, mesmo conjeturando que eu possa ser sobrevivente de sonhos e vidas incontáveis, vacilo em dúvidas imensuráveis... Se a vida é mesmo um sonho... Será que estou me despertando?