Somos 3 – I – Triângulo Amoroso
O Ritual de Sexo
Há sempre uma mesa rodeada de cadeiras em meio à uma cozinha; uma cama de um quarto bagunçado com um monte de roupas e livros espalhados – por vezes lidos, por vezes sondados, por vezes escritos. Por vezes é a sala com sofás vazios, um tapete manchado e uma mesa pequena de centro defronte à uma instante gigante com uma tevê e um som de bom agrado.
Com o horário marcado, nos desfazemos das personagens diárias. Despimos as máscaras sociais e colocamos aquela talvez inspirada em nossa essência primitiva. No caminho compramos as bebidas: o vinho, néctar suave de Baco que une nossos sangues por uma linha invisível de suor e rubor na pele; a cerveja gelada, que refresca nossas gargantas e as deixa preparadas para despojar os dramas ardentes do cotidiano – os temores, os planos e os amores também tem sua vez, hora e lugar na assembléia; a aguardente tingida do verde azedo do limão e refrigerada por um ou dois cubos triturados de gelo para evocar a nossa força maior, a loucura que nos torna cúmplices e a alegria de estarmos livres.
No ponto de encontro ao som de um violão e musicas de nossa época ou não, cantamos as nossas glórias, para dar pique à reunião. As três belas moças, uma com um pau entre as pernas, precisam de uma preparação, às vezes um silencio ou o coral de uma das músicas de Elis como sinal de abertura. Os causos da advogada, os contos do poeta e os monólogos da atriz se misturam numa noite inebriante com cheiro de família sem laços de sangue e verdades com gosto de fantasia.
Dispostos à mesa, um triangulo amoroso despidos em alma se entrelaça em uma dança de prazer e sexo verbal como se o mundo fosse sua cama e suas verdades fossem os cobertores que escondem seus segredos. Unidos num beijo em que as línguas são as palavras que repreendem, dominam, acariciam e acalentam. Um gozo a cada brinde, um orgasmo a cada gargalhada. Estes somos nós misturados em nossas intimidades.
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À Samantha Medina e Sabryna Feitosa F. do A. Freire