Os amarelos ligados a outros amarelos podem pensar que sejam melhores do que os pretos. Não estão do lado deles, não os conhecem e não se importam. Os amarelos ligados aos amarelos podem se achar mais importantes do que os pretos, porque são amarelos e não são pretos, pensam como amarelos e não pensam como pretos. Aliás, nem imaginam como pensam os pretos.
 
Os pretos ligados a outros pretos podem pensar que sejam melhores do que os amarelos. Não estão do lado deles, não os conhecem e não se importam. Os pretos ligados aos pretos podem se achar mais importantes do que os amarelos, porque são pretos e pensam como pretos. Aliás, nem imaginam como pensam os amarelos.
 
E tanto os pretos como os amarelos, sabendo que os outros se acham melhores do que eles, ou mais importantes, podem se sentir injustiçados e querer brigar por seus direitos. Podem achar que os outros acham que eles sejam piores. Podem se sentir diminuídos, tratados com desrespeito e preconceito. Podem se sentir discriminados e isso vai dar a todos um enorme trabalho. E amarelo só fala com amarelo e preto só fala com preto. Amarelo não fala com preto e preto não fala com amarelo. E assim é que não se misturam, cada um vive com o seu igual porque assim parece mais natural.
 
Há amarelos ligados a pretos, como há pretos ligados a amarelos. Talvez eles não fiquem pensando em quem é melhor do que quem. E estão ali cumprindo o seu papel de estar ligados. Sabem-se amarelos e se sabem pretos e, sendo assim sabem-se diferentes um dos outros. Mas estão ligados. Sabem-se elos de uma mesma corrente. E sabem mais, sabem que são diferentes nos acidentes (no sentido aristotélico) e iguais em essência (no sentido mais abrangente). E que isso vale para os amarelos, os pretos, os azuis, os vermelhos, os verdes, os brancos, os cinza, os rosa, os lilás, enfim, vale para todos (todas as cores e todos os sabores).
Sabem que juntos sustentam a corrente e que a corrente sustenta alguma coisa que por si só não se sustenta. Mais importante de tudo é a sustentação da corrente. Porque a corrente sustenta o que não se sustenta por si só. Repetição proposital para fixação mesmo acidental.
 
Dito isso, não há necessidade de sacrificar tantas árvores para se gastar em tantos livros de auto-ajuda. São totalmente inúteis por nos ensinar o que já sabemos ou que já devíamos há muito saber.
Numa livraria, escolha as estantes de história, filosofia, artes, literatura e poesia. Fique longe dos livros de auto-ajuda, que até onde se saiba, ajudam mais o seu autor do que qualquer leitor.
Ou será que são mesmo úteis esses tais livros? Ou será que nós é que nos tornamos assim tão inúteis, que precisamos doravante de cartilhas para isso e para aquilo, para nos dizer como fazer em tudo quanto é coisa que a gente vem fazendo e aprendendo e aperfeiçoando a milhares de anos?
Talvez seja a hora de mudar nossos conceitos...
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 18/02/2011
Reeditado em 29/07/2021
Código do texto: T2800196
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