DESPERTAR.
Chagaspires
O som do celular pedindo recarga me acordou às quatro e trinta da manhã. Ainda sonolento olho o relógio na parede para me certificar das horas.
Pela vidraça molhada posso verificar os tons de azul a se espalhar pelo firmamento. No primeiro momento um azul quase negro, mas, aos poucos com o passar dos minutos a matiz azulado vai caindo na tonalidade começando a transformar o céu em uma manhã acinzentada prenunciando mais um dia chuvoso.
Uma única estrela brilha furtiva e se agarra com persistência a barra da madrugada fria, não querendo deixar que a escuridão termine.
O ressonar de minha mulher chama a minha atenção. A sua maneira de se enroscar com cobertores espessos, tentando burlar o frio causado pelo ar condicionado do quarto me faz sorrir e recordo de outras manhãs.
A mudança na cor do firmamento vai anunciando o despertar de um novo dia. Um sol pálido e frio luta com o nimbo sem conseguir despontar no horizonte. O vendedor de “cuscuz” anuncia com seu apito a venda de sua iguaria; são seis e quinze da manhã.