MEUS DOIS AMORES.

Chagaspires

Ivone.

Seu cabelo negro, a princípio, foi o que mais me cativou.

Magra, morena, de um tom aveludado, foi um impacto fulminante para os meus olhos. Como se não bastasse tudo isso, tinha uma conversa agradável.

Com ela, namorei, noivei, e casei. Passamos juntos, 37 (trinta e sete), anos. Fizemos quatro filhos; Kleber, Karina, Saulo e Eric. Deles todos, só um não se criou; Karina. Foram momentos difíceis, mas, éramos jovens e conseguimos superar a perda.

Como em todo amor de juventude, passamos por maus e bons momentos. Foi edificante para o nosso aprendizado.

Criamos um mundo só para nós. Construímos, desfizemos, curtimos, amamos, sofremos, enfim, experimentamos o que a vida tinha para nos ensinar.

Quando a névoa começou a tingir de branco nossos cabelos, DEUS, na sua infinita sapiência, á levou para Si.

Foram dias amargos e difíceis. Pensei que não iria superar.

A depressão quase que me fazia ir também.

Durante o dia a agonia corroia a minha alma. Durante a noite procurava um jeito de sair daquela situação. Foi quando uma luz se fez presente lá no fim do túnel.

Anália.

Uma luz loura de tom exuberante.

Quase nem podia acreditar. Aos poucos voltei a viver. Meus olhos opacos criaram novo brilho.

Em três meses namorei, noivei e casei.

Casamos no Paraná. Foram dias inesquecíveis. Quantas vezes vimos o dia clarear.

Ela, viúva de seis anos. Eu, viúvo á seis meses.

Para melhorar nosso relacionamento, vieram com ela, três filhas: Sandra, Simone e Sybelle, três genros e cinco netos.

No seu jeito cativante, na sua desenvoltura, no seu ar de gata mansa, se esconde uma incrível criatura.

Passei a ter uma nova razão de viver.

Hoje depois de quase quatro anos passados, sinto-me novamente feliz e agradecido a Deus.

Guardo a lembrança constante de IVONE, e me agarro, a presença amada de ANÁLIA. Meus dois amores...