Tarde de primavera
Sentado num banco de praça, numa tarde de primavera ensolarada...
Agasalhado com um cachecol vermelho, o frio lhe tomava conta do corpo; Não lembrava o que estava esperando, pois fazia muito tempo que aquele banco aguardava com ele. As primaveras passaram ao derredor de seu ser. Com elas não se virão os verãos. Os invernos chegaram para entristecer os pensamentos vazios.
Fumou um cigarro, e largou a última baforada ao vento, contra a luz daquele sol radiante. Esvaiu-se em nada aquela fumaça, lembrando o passado tragado por nevoeiros, e que lhe trazia nas recordações a cidade amada, que ficou com os seus amores atrás de um pretexto material por fugas eloqüentes, de uma mente obcecada de paixão.
Levantou-se e foi caminhar pela praça, pois o frio que lhe acompanhava incomodava os pensamentos. Os raios daquele sol que atravessava os galhos secos das árvores, chegavam até a face, aquecendo o corpo, dando vigor ao seu viver.
Viu um casal de enamorados se acariciando, bem aconchegados, e passaram por ele cheios de sonhos... Nem viram aquele velho a os observar. No fundo das retinas trazia alguém de uma lembrança perdida, que talvez tenha se esvaído em algum banco daquela praça que hoje, sem delongas, ficou nalguma primavera de seu passado.