DA CONDIÇÃO HUMANA

A nossa condição humana

Às vezes, é verdade, nos empurra para o abismo

Para o desespero

Ou, no limite

No limite da decisão de se frear o curso a que nos conduzimos

Mas ai, meu caro, vem a poesia.

O sorriso da criança

A gestante dando a luz

A descoberta da primeira palavra

O alvorecer de novos desejos.

Sem contar

A possibilidade infindável, de se conhecer novas pessoas e suas histórias

Ou da conversa com um ancião que traz na pele a vida registrada pelo tempo.

E o tempo?

Ah, como é bom não podermos controlá-lo

Isso nos impede de querermos ser deuses.

Tediante seria sabermos tudo

Ora que graça teria?

E a surpresa, bum!

Não, não, definitivamente não!

Quero o imponderável, o impensado, o incalculável.

Quero me surpreender, quero arregalar meus olhos

E poder derramar minha lágrima de felicidade

Quero o "não", assim, seco e sem meias palavras, e sem desculpas

Quero a sinceridade

Quero a palavra amiga sem formalidades

Quero o abraço e o aperto de mão, assim, prazerosamente sufocante.

Quero a coletividade, quero o gari, a faxineira, o lixeiro

Quero de cada pessoa sua humanidade

Também saberei entender alguma prepotência

Ninguém é perfeito, não é mesmo?

Espero o transbordo da alegria

Da gargalhada incontida

Ou até, do silêncio meditativo, estou vivo!

Ah, meu premio conquistado dia a dia e na lida

Da enxada abrindo poços e matar a sede do sertão

O sertanejo mais outro irmão.

Quero estar no portão da fábrica

E com a multidão vibrar o fim do ditador.

Quero sentir a dor do parto de um novo amanhã.