RIO DA VIDA (crônica)
O rio, antes calmo, se apressa na corredeira. Por entre o vão das pedras, despenca em cachoeira. Nuvens de água, carícias de vento em fios de prata. Abaixo, se recompõe em remanso, espelho cristalino onde meus olhos descanso. Mais à frente, voltam as águas a correr. Que mistério é esse de águas que correm, que passam, e que deixam o rio no mesmo lugar? Correm as águas. Mas o rio ali sempre está. Pode ser um rio diferente. Mas é sempre o mesmo ante o meu olhar. Como pode um rio assim estar indo para o mar? O rio está ali para nos dizer que ele é como o momento, que às vezes passa sem a gente notar. Para dizer que todas as vidas fluem para o (a)mar. Assim como os rios, as lágrimas também correm. Mas existe sempre um sorriso para as adoçar. Talvez por isso os rios se chamem rio. Rio, sorrio. E adoço o mar.