Vaso-Barrica

Na velha varanda,

Azulejada e clara,

Certo dia foi colocado,

Sobre a mesinha baixa,

De angelim pedra,

Um grande vaso-barrica

Com o pescoço curto e

Uma larga boca redonda.

Um vaso com flores, flores,

Muitas flores. Cheio de flores.

Transbordante, colorido, perfumado.

Antúrios, lírios trombeta, dálias

(Brancas, rosas, vermelhas),

Jades, alfazemas e quaresmas.

Vinham verão, outono e inverno,

Na primavera se mudava a posição

Do jarro florido, na varanda.

Begônias, girassóis pequenos, cravos

(Brancos, amarelos, laranjas),

Helicônias, jasmins e macelinhas.

Por vezes o vaso rachava,

Até se partia em cacos

Espalhados no chão.

Mas logo era reposto

Com grande presteza.

Por um outro vaso-barrica

Com o pescoço curto e

Uma redonda boca larga.

Um vaso com flores, flores,

Muitas flores. Cheio de flores.

Transbordante, colorido, perfumado.

Hortências, alamandas, petúnias

(Brancas, vermelhas, lilases),

Hibiscos, margaridas e melissas.

Vinham, outono, inverno e primavera,

Pelo ano novo se mudava a posição.

Do jarro florido, na varanda.

Copos-de-leite, rosas sempre-vivas

(Brancas, amarelas, vermelhas),

Magnólias, gardênias e lilases

Um dia, já esquecido,

Com flores apodrecidas,

O jarro se quebrou.

Fatigado, fragmentou-se,

Espalhando cacos limosos.

Mas já não havia na casa

Quem, com ligeireza,

Outro jarro repusesse.

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Luiz Vila Flor
Enviado por Luiz Vila Flor em 10/02/2011
Reeditado em 10/02/2011
Código do texto: T2783069