Um Rio

O rio da minha infância

Era muito largo.

A aventura de um mergulho

Pedia reflexões,

Consultas à razão

E a razão, árbitra serena,

Reprimia o impulso.

Mas não suprimia, juvenil,

O incitamento perdurante.

E, por experimento,

Deu-se o ato,

Em recém-nascida manhã,

Quando, à primeira luz,

As caramboleiras exibiam

Diáfanos frutos

E coleirinhos ligeiros

Saudavam o dia

Em longos tui-tuis.

Tibum!

Primeiro o frio barrento,

Depois, olhos abertos,

A túrbida corrente.

Então, a luta feroz:

Membros frágeis,

Peito delgado,

Na peleja molhada

Sem testemunhas.

A cada minuto passado,

A cada metro vencido,

Mais próxima estava

A oposta margem,

O prêmio pretendido

A recompensa da ousadia.

Os minutos passados,

Os metros vencidos,

A tarefa, árdua,

Cumprida enfim.

A margem atingida e

O triunfo desfruído.

A volta foi seca, pela ponte,

Pois que a ousadia

Tinha certos limites

E se impunha.

Hoje, quando o observo,

Este rio, o de agora,

Já não me parece

Tão largo assim.

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Honra-me a participação da brilhante poetisa Vana Fraga:

"Hoje Ao Ver Este Rio Tão Sujo

Nem Acredito Que É O Dito-Cujo

Da Vontade Outra Vez Pular,

Mas Fujo!!!"

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Também me dá muita alegria receber esta a participação da doce poetisa Ignez Freitas:

"Que saudade que eu sinto,

Dos lindos rios de outrora,

De água límpida e pura,

Não assim tão poluído,

Como o vemos agora."

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Luiz Vila Flor
Enviado por Luiz Vila Flor em 09/02/2011
Reeditado em 10/02/2011
Código do texto: T2781126