Fantasiando

Lá fora não há Lua.

Apenas um céu sufocado de nuvens.

E um ou outro avião levando ou trazendo pessoas.

Algumas têm rumo. Outras, não. Suponho, apenas.

O que seria o rumo afinal?

Busca seria a palavra certa. Algumas buscam, outras não.

Nessa incessante procura sempre alguém se perde.

Alguém se acha.

Alguém se testa.

E não há Lua que deslize entre os dedos de um poeta.

Busco a minha. Quero uma noite de festa.

De guizos, de risos, de serestas.

Uma flor com um cartão.

Uma sincera declaração.

Um apaixonado João. Ou um José.

Alguém diferenciado

Cúmplice, solidário

Que me mostre, além da pele,

o reverso. Seria um começo.

Um quebra-nozes,

um vinho,

um diálogo baixinho

uma sinfonia de Verdi.

Lá fora a noite acontece.

Vôo em sonhos.

Além, muito além, da minha floresta.