INTERAÇÃO LITERÁRIA ENTRE POETAS
                           SOBRE O TEMA "OLHOS" 


        
                      

       
     P O R T A I S
      

" Olhos nos olhos, quero ver você não chorar..."
  
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          Nos olhares encontramos tudo, céu e inferno.
         Pra dentro de um olhar percorremos infinitas distâncias, caímos inteiros e restamos cativos quando nele brilha o reflexo da nossa própria exaltação e êxtase.
         Antes da palavra, muito antes da palavra, num momento precioso e único da evolução humana, os olhos certamente convergiram e se viram.
        Os olhos podem viver uma experiência à parte, como seres à parte, como aberturas para livre trânsito da etérea energia translúcida,magnética e única que chamamos amor. 
       Um ponto luminoso capaz de incendiar corações,  ou amansar os mais empedernidos e  rancorosos mortais. 
       Cegos são todos que na verdade não usam os olhos para ler, antes da palavra, o que outra individualidade está a expressar tão vivamente. São os que voluntariamente se negam a perceber as evidências fluindo intensamente em busca de um ancoradouro. 
      A cegueira começa a acontecer quando não somos atentos ao olhar alheio, quando não aprendemos a decifrar as mensagens que nos fitam esperançosas, ou assustadas ou até agressivas. 
      E quando eles finalmente se curvam à derradeira imobilidade , ainda assim são sublimes na sua aparente rigidez. E no gesto de fechá-los há toda uma intensidade que dá às mãos, grandes aliadas na construção da nossa humanidade, a preciosa incumbência de cerrar para sempre este portal magnífico.
     
  _____________tania orsi vargas___
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              Olhos são veleiros do  mundo e enfunam velas e ventos de guerra e de paz. No olhar penetram os segredos da natureza. Brotam de escombros olhos de assombro e penas de existir nos ombros. E a saudade antecipada ao fim. As lembranças vagam de mãos postas. Vivem no profundo tormento das retinas as marcas, vivas feridas exposta à luz d’outro olhar. Sob o sol do olhar espreguiça-se a humanidade em desassossego e pululam cenas de lamento. Eu nem sei que canção é esta que não cessa, que não para de dedilhar meu cérebro e fecha minhas pálpebras para abrigar incompletudes no doce olhar amado. Olho no olhar do outro o fustigar dos ventos conhecidos. Preparo tormentas no cenário vermelho das interioridades e encontro na conjunção dos ventos as velas esfarrapadas de uma batalha perdida. Afundo na consciência a brisa de praias longínquas e as quietas ondas da percepção final. Despencam em mim os relógios líquidos de Salvador Dalí.
        
             __________tania meneses_____
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tania orsi vargas
Enviado por tania orsi vargas em 04/02/2011
Reeditado em 04/02/2011
Código do texto: T2770886
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