CLARIVIDÊNCIA
Aquele senhor de olhar terno veio ao meu encontro sorrindo, retribuí com meu “ar de riso” tão peculiar, dificilmente sorrio, talvez seja por timidez.
Parou diante de mim, pediu-me licença e pegou delicadamente as minhas mãos girando-as de maneira que as palmas ficassem voltadas para o céu.
Estudou atentamente as linhas emaranhadas desenhadas nelas, olhou-me nos olhos e disse: Tens dois mundos... Viajarás bastante.
A primeira interpretação da frase dita por aquele senhor me soou estranha, não entendi. Como alguém poderia ter dois mundos? Não dei muita importância principalmente porque a segunda interpretação da mesma frase encheu-me de esperanças.
O que mais um adolescente desejaria além de experimentar e descobrir novas emoções?Entendi aquele “viajar muito” como oportunidade de percorrer novas terras, de navegar todos os mares.
Hoje mais madura, sonhos perdidos num passado longínquo, conseguindo enxergar além da linha do horizonte e ler as entrelinhas, entendo perfeitamente as palavras daquele senhor cujo rosto ficou gravado em minha memória.
“Tens dois mundos!”
Sim, é a mais pura verdade.
Tenho o mundo vivo que morre lentamente a cada segundo... Tenho o mundo que criei que renasce a cada segundo.
E as viagens... Ah! São tantas diariamente.