UMA NOITE DE AMOR
Evaldo da Veiga


O céu sorria agradecido pela ornamentação.

A Lua crescente parecia ter se aproximado da terra
e, ao mesmo tempo, subindo mais ao encontro de Deus.

As estrelas mudaram a cadência e tornaram-se mais festiva.
Estavam bem íntimas, pareciam às pequenas lâmpadas
de nossa árvore de Natal.

O luar refletia-se nas águas do imenso Rio,
que se tornou um caminho seguro e amigo.

Você dormia em um misto de inconsciência e contemplação.
Estavas ligada ao show da natureza, percebia-se
no teu sorriso tênue e delicado.
Leves movimentos dos lábios que indicavam
uma vigília adormecida.

Eu que já fora o teu cantor, dei lugar aos barulhinhos da natureza
com sua orquestra de componentes bichinhos, pássaros
e o instrumento de silêncio que dizia efusivamente
de ternura e amor.

Pensei em despertar-te, queria amar também na carne,
mas senti o ato como profanação, quebra de beleza celestial.
Ai, tuas mãos tocaram-me, buscando minha alma e o meu corpo,
em intenso desejo de gozo e oração.

Meu corpo e minha alma foram receptivos e, num instantâneo,
fizemos amor naquele nosso jeito, sem freios, puro e indecente,
sem receio, agradando  aos Deuses do amor.



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