Inverno

Como são medonhas estas noites

Que amanhecem em julho.

O vento é uma navalha nas frestas,

Assoviando no quarto gelado

E rugindo possesso nos coqueiros.

A chuva sacode, incerta, sem rumo,

Pingos cortantes e frios, que regelam.

O sol, com toda sua energia

Sucumbe ao espesso das nuvens,

Densas, negras, quase gelo,

Não aquece, não ilumina.

Com o astro prisioneiro nos nimbos,

A vida se recolhe, sombria, triste,

Anoitecendo precoce nas tardes curtas.

Luiz Vila Flor
Enviado por Luiz Vila Flor em 01/02/2011
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