Inveja – CONFISSÃO PÚBLICA
Inveja.
Confesso!
Confesso que senti a mais torpe inveja.
Quando o noticiário mostrou pessoas aplaudindoo
o poente vermelho do verão litorâneo
e os privilégios fluminenses de se poder
sair da lida
(como quem sai da vida)
e irem para a praia
(como quem vai para o Céu)
e se banharem até depois do Sol posto
(meu ideal proposto).
A inveja era tanto que me corroia por dentro
(sentimento oposto).
Precisava de um antítodo senão a frustração me mataria
(necessitava urgente do composto).
Lancei mão de meus primeiros escritos
Onde havia guardado um poema que fizera à montanha
(meu lar - artimanha).
Ei-lo
À MANTIQUEIRA
POR UM POUCO ME AUSENTEI DE TI
FUI AO LITORAL
(NETUNO ME CHAMAVA.
QUERIA QUE EU DANÇASSE COM SUAS NINFAS.
ATLANTES ME ASSUSTARAM).
SAUDADES SENTI DE TI.
ARREPENDI DE MINHA AUSÊNCIA.
TU ÉS VALOROSA
SUBLIME
MAJESTOSA.
CHEIRAS A FLORES
CAMPOS EM BORDA
EUCALIPTOS E CIPRESTES
BORDADOS EM CAMPOS
DE TUAS LAGOAS E LAGOS
CACHOEIRAS E RIOS
SUAS IARAS SÃO MAIS SEDUTORAS.
QUE CANTEM SEMPRE,ORA,
QUE POR BREVE, SEDUZIDO, AINDA QUE NÃO TE QUEIRA
-ETERNA MANTIQUEIRA
(L.L.,BCENA, 18/03/1995)
A poesia acalmou a dor da inveja.
O inchaço do mal ainda latejava.
Passou a noite.
Com o Sol nascente atrás da serra
Vesti indumentária de ciclista,
Peguei minha bicicleta
E fui massagear as trilhas da Mantiqueira.
Bebi ares das Minas
e suei ventos Gerais.
Dei-me por vencido:
Se eles têm os mares,
Eu tenho os morros.
LL, Bcena, 27/01/2011.
POEMA 57 - CADERNO: VOLTANDO PARA CASA