DOSES DE VENENO

Todos os dias é a mesma coisa.

Dentro de mim, um sinistro sentimento se exalta.

É a luz que de mim se afasta.

É de mim que as dores se fartam.

Procuro não reparar nos olhos da fera.

Contudo, em meros devaneios, deixo-me ferir pelos lábios do ego que, na vastidão dessa árdua caminhada faz ecoar, sem lástima, os meus gemidos.

Colho as lágrimas que caem, para regar o jardim tristonho da minha agonia.

A noite se apresenta e me alerta ao luar.

Noite linda que cobre com o ébano da solidão, o vulto esguio que, em passos indecisos, afasta-se desconsolado e entregue ao léu.

Porém, sinto a sua presença em meu coração, o qual se espreita à procura de uma sístole e diástole menos desconcertada dos meus sentidos.

Fito os meus olhos, já embaçados, no sorriso refletido em sua fotografia...fria!

Vasculho a minha mente, já demente, por lembranças de um amor que um dia florescera às margens de um farto rio de sentimentos profundos, onde os raios do sol e do luar, fora testemunhas de dois lábios a sorrir na jura de um infindo amor. Mas, é tarde. Tarde demais!

Induzido, então, pelo sono eterno, encerro os meus olhos e me extermino nesse quarto frígido, nesse corpo gélido e sem chances alguma de lhe dizer adeus.

*****

®

Giovanni Pelluzzi

São João Del Rei, 30 de janeiro de 2011.

Giovanni Pelluzzi
Enviado por Giovanni Pelluzzi em 30/01/2011
Reeditado em 20/02/2014
Código do texto: T2761577
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.